Ele é escritor, jornalista, professor universitário, além de ser autor de 14 livros. No ano passado, Fabrício Carpinejar lançou www.twitter.com/carpinejar, pela editora Bertrand Brasil. Nele reúne 416 pensamentos publicados em até 140 caracteres. Seus seguidores deleitam-se com pérolas como “Liberdade na vida é ter um amor para se prender” ou “Eu perdoo as mentiras. O que não desculpo é a distorção”. Carpinejar foi destaque na edição 34 da Revista Conexão UniRitter, através de uma entrevista que fiz com ele por telefone. Achei tão bacana, que resolvi compartilhar com meus leitores. No meio de nosso bate-papo não contive as gargalhadas. Carpinejar me revelou : “Tenho mais janelas na tela do que um cortiço.”
Quando você se deu conta de que a internet tinha chegado para revolucionar a vida das pessoas?
FABRÍCIO CARPINEJAR – Foi em 2003, quando eu publiquei meu primeiro blog. Notei que tudo ficou mais ágil e houve uma democratização do conhecimento. É outra realidade, pois, no tempo da escola, quem se dava bem era quem tinha a Barsa, e hoje não precisamos mais da enciclopédia. Também dependíamos muito do Rio de Janeiro e São Paulo. Hoje, em poucos minutos na web, é possível fazer uma mobilização de poetas de outros estados, trocar ideias, acessar jornais e revistas digitais. E isso que cada vez mais mobiliza as pessoas. Eu sou da geração criada na frente da televisão, mas se pudesse seria da geração criada na frente do computador.
Quando você abriu a conta no Twitter? E que tipo de retorno você tem de seus seguidores?
FC - Comecei com o Twitter em 2009, superdesconfiado, como todas as pessoas que não sabem lidar direito com essas redes. Eu acho que grande parte da ignorância é o pavor do desconhecido. A gente não quer fazer algo porque temos medo de aprender. Meu pai, por exemplo, não queria mexer no computador porque tinha medo de ser aceito nas redes e minha mãe tinha resistência ao e-mail. Mas, na verdade, meus primeiros perfis no Twitter foram falsos. Um foi criado pela minha namorada, Cínthia, e outro pelo meu amigo Eduardo. Os dois começaram a postar frases minhas. Até que tomei coragem, mudei a senha e assumi o controle. Digo que a coragem de sonhar é uma covardia organizada. Hoje, o Twitter é uma extensão dos meus olhos, e a interação com meus leitores é ótima, apesar de eu me considerar ainda um pouco tímido. Não fico replicando o tempo inteiro, entende? Vamos dizer que eu ainda tenho dificuldade de fazer amor fora do quarto.
O que você acha das redes sociais em geral?
FC – São correntes que aproximam as pessoas com mais facilidade. Eu acho que elas têm um papel de inclusão, de responsabilidade social. As pessoas cultivam espaços e isso é fantástico.
E no trabalho, como as redes facilitam a vida?
FC – As redes facilitam a informação e estão livres da censura. Temos a informação que precisamos no clique de um link. Atualmente, tenho 20.500 seguidores no Twitter e passo cerca de cinco horas na internet. Se não fossem as redes, eu demoraria muito para encontrar um fã, por exemplo. Atualmente, além do Twitter tenho três blogs: o Rolo Compressor, o Consultório Poético e o Carpinejar. Eu me sinto traduzido. Recebo em média 15 e-mails por dia. Tenho mais janelas na tela do que um cortiço.
E o lado negativo, qual seria?
FC - Eu acho maravilhoso o Orkut, mas tenho que observar que ele terminou com muitos relacionamentos afetivos. As pessoas ainda não sabem lidar com o amor público. É muita cobrança. Hoje, é impossível a gente ter um amor guardado, pois ele já nasce como fofoca. Por exemplo, se você posta fotos logo recebe comentários e os interessados vão colocar recados e insinuações no seu perfil. Assim, muitos acabam saindo do Orkut, pois mexe com a exclusividade do amor. Na verdade, as redes não deixam de ser agências de casamento, se não fosse assim, as pessoas não colocariam informações como “solteiro”, “casado”, expondo sua circunstância afetiva. O Twitter também gera uma explosão de ciúme. Têm muitos casos que eu respondo dúvidas amorosas. Um dia um cara me perguntou: “Publiquei as fotos da nossa viagem e ela não. Será que ela não me ama?”. Ou seja, as pessoas vivem para mostrar que vivem. Esse relatório é terrível. Além disso, também existe uma infantilização, como as fazendas virtuais, onde as pessoas plantam morangos e alimentam animais. Voltamos de certa forma ao tempo do Tamagochi. Fotos: Divulgação
FABRÍCIO CARPINEJAR – Foi em 2003, quando eu publiquei meu primeiro blog. Notei que tudo ficou mais ágil e houve uma democratização do conhecimento. É outra realidade, pois, no tempo da escola, quem se dava bem era quem tinha a Barsa, e hoje não precisamos mais da enciclopédia. Também dependíamos muito do Rio de Janeiro e São Paulo. Hoje, em poucos minutos na web, é possível fazer uma mobilização de poetas de outros estados, trocar ideias, acessar jornais e revistas digitais. E isso que cada vez mais mobiliza as pessoas. Eu sou da geração criada na frente da televisão, mas se pudesse seria da geração criada na frente do computador.
Quando você abriu a conta no Twitter? E que tipo de retorno você tem de seus seguidores?
FC - Comecei com o Twitter em 2009, superdesconfiado, como todas as pessoas que não sabem lidar direito com essas redes. Eu acho que grande parte da ignorância é o pavor do desconhecido. A gente não quer fazer algo porque temos medo de aprender. Meu pai, por exemplo, não queria mexer no computador porque tinha medo de ser aceito nas redes e minha mãe tinha resistência ao e-mail. Mas, na verdade, meus primeiros perfis no Twitter foram falsos. Um foi criado pela minha namorada, Cínthia, e outro pelo meu amigo Eduardo. Os dois começaram a postar frases minhas. Até que tomei coragem, mudei a senha e assumi o controle. Digo que a coragem de sonhar é uma covardia organizada. Hoje, o Twitter é uma extensão dos meus olhos, e a interação com meus leitores é ótima, apesar de eu me considerar ainda um pouco tímido. Não fico replicando o tempo inteiro, entende? Vamos dizer que eu ainda tenho dificuldade de fazer amor fora do quarto.
O que você acha das redes sociais em geral?
FC – São correntes que aproximam as pessoas com mais facilidade. Eu acho que elas têm um papel de inclusão, de responsabilidade social. As pessoas cultivam espaços e isso é fantástico.
E no trabalho, como as redes facilitam a vida?
FC – As redes facilitam a informação e estão livres da censura. Temos a informação que precisamos no clique de um link. Atualmente, tenho 20.500 seguidores no Twitter e passo cerca de cinco horas na internet. Se não fossem as redes, eu demoraria muito para encontrar um fã, por exemplo. Atualmente, além do Twitter tenho três blogs: o Rolo Compressor, o Consultório Poético e o Carpinejar. Eu me sinto traduzido. Recebo em média 15 e-mails por dia. Tenho mais janelas na tela do que um cortiço.
E o lado negativo, qual seria?
FC - Eu acho maravilhoso o Orkut, mas tenho que observar que ele terminou com muitos relacionamentos afetivos. As pessoas ainda não sabem lidar com o amor público. É muita cobrança. Hoje, é impossível a gente ter um amor guardado, pois ele já nasce como fofoca. Por exemplo, se você posta fotos logo recebe comentários e os interessados vão colocar recados e insinuações no seu perfil. Assim, muitos acabam saindo do Orkut, pois mexe com a exclusividade do amor. Na verdade, as redes não deixam de ser agências de casamento, se não fosse assim, as pessoas não colocariam informações como “solteiro”, “casado”, expondo sua circunstância afetiva. O Twitter também gera uma explosão de ciúme. Têm muitos casos que eu respondo dúvidas amorosas. Um dia um cara me perguntou: “Publiquei as fotos da nossa viagem e ela não. Será que ela não me ama?”. Ou seja, as pessoas vivem para mostrar que vivem. Esse relatório é terrível. Além disso, também existe uma infantilização, como as fazendas virtuais, onde as pessoas plantam morangos e alimentam animais. Voltamos de certa forma ao tempo do Tamagochi. Fotos: Divulgação
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente aqui