sexta-feira, 12 de novembro de 2010

TEATRO: Luiz Paulo Vasconcellos vive O Animal Agonizante na adaptação para o teatro do romance de Philip Roth

Sucesso na temporada de estréia, no TSP, a peça O Animal Agonizante segue agora para o Instituto Goethe, onde permanece de 12 a 28 de novembro. O ator e diretor Luiz Paulo Vasconcellos estreou O Animal Agonizante, de Philip Roth, dirigido pelo amigo Luciano Alabarse. O texto, um dos romances mais aclamados do autor, narra em tom contundente e cru o estado atônito de seu protagonista, um velho professor universitário que ao completar 70 anos se vê solitário, fazendo um balanço de sua trajetória de vida. A montagem traz no elenco Luciana Éboli e Thales de Oliveira, que complementam a ação. A estréia no Theatro São Pedro já deu uma pequena amostra do sucesso que será a próxima temporada, com casa cheia e elogios rasgados da platéia. No Goethe o espetáculo entra em cartaz dia 12 de novembro e segue sempre nas sextas, sábados e domingos, até dia 28. Os ingressos serão vendidos no local. Nos dias 12, 19 e 26, haverá debate após a apresentação. Zelig Liberman e Jussara Dal Zolt (dia 12), Nina R. Furtado e Ingeborg M. Bornholdt (dia 19) e Matias Strassburger e Katia W. Radke (dia 26), todos da SPPA (Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre) discorrerão sobre o assunto da peça. O Animal Agonizante de Luciano Alabarse busca traduzir fielmente o espírito do texto em uma montagem de recursos quase minimalistas: um palco sem rotundas, panos ou cortinas, a revelar a caixa cênica em sua totalidade. Poucos móveis em cena acentuam a solidão do personagem e o ritmo da peça se assemelha ao de um adágio: triste, lento, encantador. Em cena está o professor aposentado David Kepesh - narrador que apareceu outras vezes na carreira do autor (em "A Metamorfose, O Seio" e "O Professor do Desejo") - monologando com eruditismo e refinamento. Kepesh atualmente leciona um curso sobre crítica, ao mesmo tempo que estrela um programa cultural na Tv Educativa aos domingos. Por toda sua carreira acadêmica, Kepesh se aproveitou do cargo para levar as alunas para a cama. Ele é um típico produto dos anos 60. A América, durante essa década, era o Éden e o fruto proibido e desejado era a liberdade. Liberdade para falar o que queriam, para vestir o que queriam, ouvir o que queriam, votar em quem queriam, liberdade de não ir à guerra. Sobretudo, queriam liberdade para fazer sexo como, quando, com quem e quantas vezes desejassem. É evidente que toda essa liberdade trouxe consequências. O que diferencia O Animal Agonizante das centenas de narrativas sobre homens experientes que se apaixonam por mulheres jovens é esse espelho que dá a Kepesh a noção de sua própria mortalidade. Pior, com a mortalidade dos outros, como quando Consuelo contrai um câncer de mama e descobre que um de seus irretocáveis seios será retirado. Philiph Roth nunca foi um autor otimista e seus livros jamais apresentam um final feliz. Aparentemente, a maior diversão de Roth é jogar seus personagens em caldeirões onde seus posicionamentos morais são colocados em conflito até sobrar apenas o patético, conseguindo extrair o máximo lirismo desse patético.
SERVIÇO:
O ANIMAL AGONIZANTE. Um texto livremente inspirado em Philiph Roth. Uma direção de Luciano Alabarse. TEMPORADA NO INSTITUTO GOETHE De 12 a 28 de novembro, Sextas e sábados às 21h e domingos às 18h.
Ingressos:

Valor: R$ 40
20% de desconto para Clube do Assinante
10% de desconto para estudantes
50% de desconto para idosos
50% de desconto para a Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre nas sextas-feiras
Debates após as apresentações:
12/11: comentarista: Zelig Liberman; coordenador: Jussara Dal Zolt
19/11: comentarista: Nina R. Furtado; coordenador: Ingeborg M. Bornholdt
26/11: comentarista: Matias Strassburger; coordenador: Katia W. Radke

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