domingo, 7 de março de 2010

TEATRO: Elefantilt em cartaz até 28 de março na Sala Álvaro Moreyra

A Companhia Babel de Teatro abriu os trabalhos em grande estilo: estreou no final de 2009 duas peças pinçadas a dedo da obra do genial autor alemão Bertolt Brecht: Elefantilt- um exercício Brechtiano e Cabarecht. Ambas ocuparam em temporada relâmpago o charmoso espaço da galeria de arte La Photo, com sucesso de público e ótimos comentários de crítica. Não por acaso, Brecht é objeto de estudo do diretor da Cia, Humberto Vieira. Dessa forma, o grupo inspirou-se nas teorias, escritos e atitudes do dramaturgo alemão e construiu o espetáculo Elefantilt a partir de O Filhote de Elefante, entreato que o autor escreveu para a peça Um Homem é Um Homem entre os anos de 1924 e 1925. Novos textos e personagens foram acrescentados ao texto original, assim como músicas e canções. Tudo foi jogado no caldeirão experimental da Companhia, fazendo com que a máquina sofresse um "tilt" e reagisse de modo estranho. A direção musical de Cida Moreira merece um destaque muito especial: são canções de Kurt Weill, Pink Floyd e Trio Esperança com vinhetas e canções populares que causam estranhamento, dando ao espetáculo a atitude que Bertolt Brecht exige. A encenação, dirigida por Humberto Vieira, apóia-se nos conceitos de estranhamento da teoria brechtiana e transpõe a ação para tempo e local indefinidos onde os soldados que conduzem a ação não caracterizam nenhum exército conhecido, oscilando entre mundos estranhos e improváveis, reais e imaginários, entre o limbo e a realidade, entre homens e vampiros, entre a vida e a morte. A trama acontece em uma cantina dentro de um acampamento militar, local onde será encenada uma peça representada por quatro soldados. Em cena está o julgamento de um filhote de elefante acusado de ter matado sua própria mãe. O inusitado ocorre quando a testemunha de acusação é chamada: ela é a própria mãe do filhote. Ao longo da representação, interrupções, coreografias, números musicais e projeções audiovisuais permeiam o espetáculo, mesclando a realidade do acampamento e o universo da trama encenada pelos soldados. Elefantilt destacou-se entre os nomeados ao Prêmio Açorianos de Teatro 2010, recebendo duas indicações: figurino (Fabrízio Rodrigues) e trilha sonora (Cida Moreira). Também em destaque está a iluminação de Cláudia de Bem. A Companhia Babel de Teatro foi criada a partir do Projeto Babel Genet, que ganhou o Prêmio Myrian Muniz da Funarte de 2007, e cumpriu temporada em 2008. Um núcleo do grupo selecionado para a montagem de Babel Genet, continuou o trabalho de pesquisa, mantendo a postura experimental e a atitude questionadora do projeto que lhe deu origem. Vivian Salva, Yheuriet Kalil, Tatiana Vinhais, Juliana Dal Ben, Daniela Guerrieri, Maiquel Klein, Richard Biglia, Eduardo Tartarotti, Shirley Rosário e Humberto Vieira formam o grupo, que conta com a especial participação de Cida Moreira na direção musical, Claúdia de Bem na iluminação, Fabrizio Rodrigues nos figurinos e Regina Protskof como fotógrafa oficial. Ingressos a 20 reais. Sábados às 21 horas e domingos às 20 horas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comente aqui