ARTE: A pintura sob a perspectiva da fotografia

O trabalho das artistas Helena d'Avila e Taís Bruck de Freitas, chamado de “Trans-Aparência”, tem como objetivo, através das fotografias, abordar aspectos da pintura como cor, textura, reflexo, brilho e transparência. A partir do dia 12 de abril, com abertura às 20h, a exposição ganha destaque na Gravura Galeria de Arte, permanecendo em cartaz até 12 de maio.

Para alcançar seu objetivo, as artistas criaram uma instalação nas qual as fotopinturas abstratas conduzem a um distanciamento da aparência visível das coisas, possibilitando um processo de transformação das imagens. Porém, isso não implica afastamento da realidade, pois as relações entre arte e sociedade se evidenciam pelo conhecimento e identidade expressos em pensamentos e ideias.

O projeto visa a transmutar elementos reais, como vitrais e muros, em outras realidades visuais e interpretativas. Conectando a luz ora em uma superfície aquática quase espelhada, ora através de uma parede sólida e opaca, a fotografia se instaura como matéria pictórica e de abstração, fundindo-se em duas visões perceptivas.

Na exposição na Gravura, Helena d’Avila mostrará fotos impressas adesivadas em suporte de acrílico transparente e incolor. Já Taís Bruck de Freitas exibe imagens coloridas com a temática de reflexos de vitrais, obtidas em Brasília, que remetem à pintura abstrata. Helena “manipula” a dureza da parede em contraponto com a leveza e transparência das fotos de Tais. O ponto de encontro se dá na matéria fotografada.

“O jogo de Helena parece ser com a opacidade da pintura, ofício que lhe é caro, mas em dissolver a materialidade, em questionar a dureza da matéria ao nos apresentar suas imagens em transparências suspensas. Do outro lado, nas imagens de Taís, o vitral é base para a passagem da luz – a luz, o grande problema da pintura – que se projeta, colorida e em desenhos efêmeros, em um espelho d’água, um vidro mole”, explica o artista plástico e bacharel em Artes Visuais pela UFRGS, Guilherme Dable.