
Já faz tempo que este Blog queria dar espaço para um artista plástico talentoso e daqui. Assim, escolhi para ilustrar este espaço o trabalho de Gilmar Francisco. Me chamou atenção o colorido e otimismo de suas telas. No site dele achei um depoimento da filóloga Mária Isabel Cañete que define muito bem a arte de Gilmar. "A pintura de Gilmar Francisco é fascinante. O artista é autodidata e sua expressão espontânea é um deleite de originalidade. Seu modo de orquestrar cores, formas e detalhes revela vigorosamente em suas telas o peculiar inconformismo do artista. Gilmar Francisco consegue efeitos surpreendentes que empolgam os sentidos, predispondo a uma espécie de êxtase nas veredas do imaginário libertador e da estética pura". Na entrevista abaixo, você terá a oportunidade de conhecer um pouco deste artista apaixonado pelo que faz.
Onde você nasceu e quando foi seu primeiro contato com os pincéis e telas? Nasci em Charqueadas, uns 60 km de Porto Alegre. Região exploradora de carvão, energia elétrica e siderurgia. O meu contato com os pincéis e telas é mais recente, tem uns dez anos.
Na sua infância você já sabia que queria ser artista plástico? Não. Só soube quando tinha mais de 30. Desde guri senti atração pela música, natureza e matemática.
Você tem outra atividade profissional? No que você já trabalhou? Sim. Antes da pintura atuava no escritório. Tenho formação em ciências contábeis e fiz carreira em recursos humanos. Escrevia textos e poesias, estudei cordas, voz e participei de coral, grupo de MPB e banda.
A partir da pintura, me afastei dessas atividades para me dedicar ao trabalho no ateliê e aos estudos de arte. Mais tarde voltei ao escritório por temporadas e à música como DJ Lounge.
Como e onde você aprendeu as técnicas de pintura e como foi seu aperfeiçoamento ao longo dos anos? Parti da colagem com papel jornal e depois veio a tinta. Desenvolvi técnicas através da prática no ateliê, conhecendo os materiais, a relação entre eles, como reagem a estímulos, etc. Comecei os estudos por conta própria focando história da arte, desenho, luz e cor.
Como você define sua arte? Otimista.
O que você gosta de pintar? Quadros de observação simples.
Quais as técnicas que você utiliza? Acrílica sobre tela. Trabalho com tintas mais líquidas e telas na posição horizontal. Uso pincéis, palitos e outras ferramentas para manipular a tinta. A execução pode ser controlada, no caso das pinceladas ou espontânea, por gotejamento ou impacto.
Qual o estilo de seu ateliê e como é seu cotidiano profissional? O estilo é aberto e gosto de movimento. Enquanto trabalho numa pintura, lembro de tal pessoa para uma visita ou numa melhoria que precisa ser feita para o próximo evento. O Ateliê tem essa característica de mudança constante. O dia-a-dia é de muito trabalho. Nas edições de Porteira Aberta acontece performance de pintura ao vivo do artista da casa e/ou convidados, além de lounge e exposição temática do dia.
As cores são marca registrada no seu trabalho. De onde vêm suas inspirações? Desde o início da pintura me identifiquei com as cores mais vibrantes e contrastes acentuados. Vários eventos me inspiram: a natureza, a música, o universo fantástico, mitologia dos povos, outros artistas, etc.
Quem são suas referências nas artes plásticas? Auguste Rodin, Jackson Pollock, Claude Monet, Vincent Van Gogh, alguns clássicos. Sobretudo Pollock porque usava tintas mais líquidas e telas sobre o chão.
Na sua opinião, como o artista plástico é visto hoje pela sociedade? Acho que o artista plástico é prestigiado pela sociedade no que se refere a divulgação e presença de público nos eventos. Infelizmente, o calor humano não enche barriga. Nesse sentido, acho a classe marginalizada. O mercado de arte consome artistas consagrados, que já morreram ou estão com o pé na cova. Nas outras profissões não é assim, todos são levados à sério e o mercado se encarrega do resto. Já vi pessoas, ao adquirirem uma obra de arte, dizerem que estão ajudando o artista. Nós não precisamos de ajuda, somos capazes de trabalhar, produzir e é justo ser remunerado. Ninguém vai ao supermercado para ajudar o seu Zaffari e sim por necessidade. Acho também, que há muita gente equivocada. Colocam no mesmo saco os trabalhadores da arte com os pacientes de terapias artísticas. Muitas vezes ocupando espaços importantes para a formação daquele que é profissional ou pretende seguir carreira.
Falta investimento dos governos na área da cultura? Existem mecanismos para financiar a cultura no País. Acho que dá para melhorar, quem sabe agora com o pré-sal... Para mim, os governos precisam investir mesmo é na educação. A cultura é conseqüência.
Qual seu maior sonho? Construir meu ateliê numa metrópole banhada pelo mar.
Contatos: (51) 99723377 - atelieporteiraaberta@gmail.com - www.gilmarfrancisco.com
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