
A premiada Cia. de Teatro ao Quadrado estréia em abril a tragicomédia musical Mães e Sogras, com direção de Marcelo Adams e texto de Leandro Sarmatz, jovem dramaturgo gaúcho. Publicada no ano 2000 pelo Instituto Estadual do Livro do Rio Grande do Sul, a peça ainda mantém-se inédita nos palcos brasileiros e traz ao público um dos textos mais bem acabados e ferinos da nova dramaturgia gaúcha. No elenco brilham duas prestigiadas atrizes gaúchas: Margarida Leoni Peixoto e Naiara Harry, ambas detentoras dos prêmios Açorianos e Tibicuera de interpretação.
A estréia será em grande estilo no Teatro São Pedro, dia 2 de abril, onde permanece um final de semana. Depois segue em temporada no Teatro Bruno Kiefer entre os dias 9 de abril e 2 de maio. Mães e Sogras tem financiamento do Fumproarte - Prefeitura Municipal de Porto Alegre. O grande escritor russo Leon Tolstói escreveu uma frase que resume a intenção desta montagem: "se quiser ser universal, fala da tua aldeia", sugerindo que muitos dos conflitos humanos começam na casa ao lado ou no apartamento de cima. Em cena estão Bella e Anita, duas senhoras judias que destilam toda sua visão de mundo, eivada de preconceitos, mas repleta de humor. A relação entre elas forma a espinha dorsal do espetáculo. Viúva e mãe de um único filho, com quem não fala há anos, Bella é uma vítima de sua própria intransigência, de sua própria irracionalidade. A solidão de viver longe da família a transforma em uma mulher amargurada, que usa todas suas forças para rotular e desqualificar qualquer pessoa que aja de forma oposta ao que ela acredita ser o correto. A amiga Anita, que divide com Bella uma visão de mundo ácida e deturpada, é cúmplice e testemunha desse comportamento, até que se veja, ela própria, em posição delicada, com o diagnóstico de uma doença terminal.

Bella, assim, sozinha, passa a enlouquecer de forma patética. Os fantasmas de seu passado, as atitudes preconceituosas e a família que não a suportou passam a assombrá-la. O grande mérito do texto de Leandro Sarmatz é colocar brilhantemente em cena o questionamento de Bella frente às decisões que tomou no passado. Através de um texto impecável, que equilibra humor negro e crítica aos costumes, o espetáculo propõe uma identificação do público com as pequenas maldades das personagens criadas por ele. O escritor e membro da Academia Brasileira de Letras Moacyr Scliar escreveu um texto de apresentação para esta montagem, destacando que a peça mostra "uma personagem típica: a mãe judia (da qual a sogra judia é uma versão peculiar), protetora e sofredora. A Cia. de Teatro ao Quadrado existe desde 2002 e é responsável por grandes sucessos nas salas de teatro locais. O autor, Leandro Sarmatz, vive atualmente em São Paulo, onde colabora com as revistas Bravo!, Brasil/Brazil e Ponto & Vírgula. No projeto estão os renomados criadores Rodrigo Lopes (cenários), Rô Cortinhas (figurinos), Fernando Ochoa (iluminação) e Carlota Albuquerque (coreografias). As canções, compostas especialmente para a encenação, são executadas ao vivo por Rafael Ferrari (Camerata Brasileira) no bandolim e dão o tom do que se verá sobre o palco: uma história cheia de nuances, profundamente humana.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente aqui