quinta-feira, 18 de outubro de 2012

MÚSICA: CIDA MOREIRA - A DAMA INDIGNA


O show A Dama Indigna reconecta Cida Moreira ao seu começo de carreira. No palco Cida Moreira está acompanhada do piano e das canções de artistas como Chico Buarque, Amy Winehouse, Caetano Veloso, Gonzaguinha, Tom Waits e David Bowie. O show “A Dama Indigna” gerou frutos, entre eles a turnê com mais de 100 apresentações em todo o Brasil, sucesso de público e critica e o CD e DVD de mesmo nome.

Em clima de cabaret contemporâneo, embalado por temas de grandes compositores nacionais e internacionais, dá o tom de “A Dama Indigna”.

O show “A Dama Indigna” estreou no dia 11 de fevereiro de 2011 no Auditório Ibirapuera em São Paulo e lança o CD de mesmo nome, 10º na carreira desta cantora que é um dos nomes de destaque na cena musical brasileira.

Como cantora, embora haja certa mordacidade em suas falas, Cida emociona mais do que faz rir. Ela desfolha emoções e sentimentos com um canto que, tal como seu repertório, se situa no fio da navalha. Nesse cortante teatro de emoções, urdido pelo diretor e roteirista Humberto Vieira, A Dama Indigna se porta em cena com a dignidade que parece ter escasseado no mercado comum da música. Com seu poder de dominar a cena, a atriz-cantora ambienta tema dos Rolling Stones em seu tom marginal (Sympathy for the Devil), expõe a inquietude impressa em acalanto de Tom Waits (Lullaby), mostra que sempre houve nobreza no repertório plebeu do Rei Roberto Carlos (Maior que o meu Amor, de Renato Barros) e interpreta como ninguém um dos mais belos temas de Caetano Veloso (Mãe). Certo é trazer a dilacerante obra inicial de Ângela Ro Ro - representada no roteiro por Me Acalmo Danando, destaque do show - para o cabaré onde a dama suspira pela volta do homem amado com a dignidade que lhe resta (The Man I Love, de George & Ira Gershwin) enquanto paradoxalmente despedaça as ilusões românticas como se fossem pétalas de rosa (Sou Assim, Toquinho e Gianfrancesco Guarnieri). Nessa altura, a voz - já quente - está à todo vapor e o clima de cabaré aquece Youkali-Tango (Roger Fernay e Kurt Weill) e Tango 'Till They're Sore (Tom Waits). A dama - aí então já sem dignidade - renega a própria filha (Uma Canção Desnaturada, de Chico Buarque) e, sozinha e abandonada por seu homem, se entrega ao luto existencial (Back to Black, o clássico da já saudosa Amy Winehouse), fechando o cabaré. Ao reabrir a cortina de seu passado teatral em A Dama Indigna, Cida Moreira revive Bertolt Brecht (Surabaya Johnny), encarnando sua melhor persona artística, a de cantriz que afia as emoções e a voz no fio sempre cortante da navalha.

“A dama indigna é uma metáfora. Poética, mítica e teatral. Um poema de Marcelo Fonseca que ao me ouvir cantar um dia, me chamou de dama indigna, e eu me senti presenteada duplamente, pelo lindo poema e pelo encontro delicado com uma linguagem que me define bem, pois a dama se torna indigna ao exercer sem pudores sua dignidade na arte: propósito da vida. Graças a um pouco de loucura, muito de lucidez... e todas as canções passeiam por este caminho, que sempre me leva de volta a mim... menina com seu piano.” (Cida Moreira)
O show de Cida Moreira integra a programação de aniversário de 30 anos da Casa de Cultura Percy Vargas.

Fotos: Edson Kumasaka (topo) e Marcela  Faé (inferior)

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