sexta-feira, 17 de maio de 2013

EVENTO: Marxismo, Ideologia e Rock´n´Roll é o novo espetáculo de Luciano Alabarse, com estreia dia 06 de junho no Theatro São Pedro



Mais uma vez debruçado sobre um bom texto, o diretor teatral Luciano Alabarse assina a direção de Marxismo, Ideologia e Rock´n´Roll, uma adaptação da obra de Tom Stoppard. Esta é a primeira montagem porto-alegrense do autor, um dos mais conceituados dramaturgos em atividade, com colaborações e prêmios no cinema e na televisão. O espetáculo tem estreia no dia 06 de junho, no Theatro São Pedro. Margarida Peixoto divide com Luciano a direção da peça.

“Rock´n´roll”, o título original, foi burilado por Luciano sem pressa, durante muitos meses, para chegar a atual versão. O pano de fundo da história contada é a histórica Primavera de Praga, quando os tanques russos sufocaram as crescentes reivindicações por liberdades democráticas da então comunista Tchecoslováquia. A ação abarca quatro décadas de história política, onde os personagens principais envelhecem, amadurecem e se transformam conforme suas experiências individuais, suas desilusões e suas crenças políticas. Até que ponto um cidadão, em nome de um partido, precisa sufocar suas convicções pessoais e defender o que não acredita em nome da unidade e consistência partidária? O poder parece afrodisíaco, seja em uma democracia radical ou num regime brutal de exceção.

A peça tem forte cunho político, desde o nome. O autor Tom Stoppard analisa agudamente a crise ideológica contemporânea, a função dos partidos políticos, a atualidade do confronto entre marxismo e capitalismo. Ambientada na Inglaterra de Thatcher e na Tchecoslováquia ocupada pelos russos, o texto parece escrito para os dias de hoje, para o Brasil e o mundo ocidental. “Os diálogos de Stoppard são afiados, procedentes, atualíssimos. Sem nenhuma necessidade de atualização temporal, podemos transportar a ação dramática, seus impasses e conflitos, para esse nosso Brasil corroído por alianças políticas espúrias, onde o mérito pessoal não conta absolutamente nada na formação/manutenção de equipes de governo”, constata Luciano. “Atualmente, o que dita as regras do jogo governamental por aqui são os interesses e a manutenção das alianças entre os partidos coligados.  Pode ser diferente? Pode ser mais justo e equilibrado esse tabuleiro formativo do Poder? Os discursos políticos sempre são incrivelmente dissociados da prática cotidiana dos governos, difusos e enganosos?  Qual o papel de um intelectual diante desse quadro constitucional? Essas são perguntas que o texto de Tom Stoppard enfrenta corajosamente, através de personagens banhados de uma humanidade arrepiante, sem dogmatismo, sem esquematismos baratos, sem facilidades ou clichês”, complementa o diretor, empolgado com a abrangência e coerência do texto de Stoppard. 

Nomes fortes do teatro gaúcho contracenam no novo espetáculo. Atores como Carlos Cunha Filho e Marcelo Ádams prometem imantar o palco com eletricidade e sofisticação e dividirão a cena com alguns dos nomes mais relevantes da nova geração, entre eles, Gustavo Sessin e Pingo Alabarce. A peça também marca encontros entre atores, parceiros constantes de Luciano em outras montagens suas: Áurea Baptista, Luiza Herter, Mauro Soares, Marcelo Ádams. A trilha sonora feita por Arthur de Faria merece destaque. É composta pelas canções de exílio de Caetano Veloso e canções pontuais de Syd Barret - músico brilhante da primeira fase do Pink Floyd, vivido na encenação pelo próprio Arthur de Faria. Canções dos Rolling Stones - conforme pedido pontual do autor – também estão presentes na montagem.

Em 40 anos de trabalhos prestados às artes cênicas, Luciano Alabarse dirigiu muitos clássicos e autores contemporâneos, sempre com envolvimento e paixão. “O texto de Stoppard me fascinou desde a primeira leitura. Não é um texto fácil de levar ao palco, e talvez esse seja um de seus grandes méritos”, afirma o diretor sobre seu mais novo desafio. “Marxismo, Ideologia e Rock´n´Roll é, mais uma vez, a minha declaração renovada de amor ao ofício teatral e aos textos que dignificam a dramaturgia ocidental, ao teatro que se faz em Porto Alegre e a integração entre veteranos e jovens nomes da cena teatral gaúcha”.


Sobre Tom Stoppard

Em 1966, um dramaturgo de 29 anos deu um considerável susto no mundo teatral britânico com a estreia do que se tornaria sua peça mais conhecida, “Rosencrantz e Guildenstern estão mortos”. O que se via ali era algo novo. Contudo, ao contrário da cena mais experimental, que tentava renovar os palcos de Londres e do resto do mundo, aquela experiência parecia estranhamente familiar. A mera ideia de reencenar a trama de Hamlet, a partir do ponto de vista de duas personagens menores, além de ser um daqueles golpes de gênio, que parecem óbvios depois de terem sido realizados, servia também para demonstrar a própria fonte dessa sensação conflitante de familiaridade e inovação, ao apresentar a tradição em novas roupagens, buscar a novidade em uma releitura, um recorte de um repertório previamente conhecido. Tentar mostrar o futuro através do passado, utilizando a técnica de encontrar em uma narrativa clássica um referencial simbólico estruturador para embasar uma nova trama, agora referente ao tempo presente e a transposição do referencial ideológico e estilístico do presente para o passado. Uma realidade nada distante para qualquer pessoa envolvida com teatro em qualquer parte do mundo, que o levou, sem cerimônia, a fazer dialogar momentos diferentes dessa história. A partir de Rosencrantz o teatro de Tom Stoppard seguiu marcado por essas tendências opostas, um pensador original encenando ideias profundas em um formato consideravelmente denso.

Esse tom algo nostálgico de reaproveitamento do passado voltou-se para a própria biografia de Stoppard e sua relação com sua terra natal - o dramaturgo nasceu na Tchecoslováquia, em 1903, e abandonou o país em 1939, com a família, fugindo da iminente ocupação nazista -, na peça “Rock´n´roll”, de 2006, às vésperas de completar setenta anos, decidindo que era o momento de dar um contorno pessoal a sua relação com o passado, com a História e o Teatro, a ficção como possibilidade de reflexão, revisão e organização da memória individual e literária. Tomás Straüssler, que em sua escola primária ficou conhecido como Tom e que adotou o sobrenome de seu pai adotivo, anglicizando-se em Tom Stoppard, é um migrante, um estrangeiro, um adaptado. Entre suas peças traduzidas para o português, além das já mencionadas, podemos citar “Arcádia”, “De verdade”, “O verdadeiro inspetor Cão” e “Pastiches”. Entre brilhantes peças para rádio e televisão, escreveu belos roteiros de cinema, entre eles, “Brazil: o filme”, Shakespeare Apaixonado” e “Ana Karenina”.


Ficha técnica:

Elenco
Marcelo Adams - Max Jovem/ Jan Adulto
Carlos Cunha Filho - Max Adulto
Áurea Batista - Eleonor/ Esme Adulta
Gustavo Sussin - Jan Jovem/ Steve
Lisiane Medeiros - Magda
Pingo Alabarce - Fernando
Luiza Herter - Esme Jovem/ Alice
Clóvis Massa - Nigel
Marcello Crawshaw - Interrogador
e
Mauro Soares - Milan
Arthur de Faria (participação especial) - Syd Barret

Cenário: Luciano Alabarse
Iluminação: João Fraga
Figurinos: Cláudio Benevenga
Maquiagem: Elison Couto
Produção executiva: Miguel Arcanjo e Fernando Zugno
Fotos: Creative Fotografia

Serviço:

Marxismo, Ideologia e Rock´N´Roll
Um espetáculo de Luciano Alabarse
Estreia dia 06 de junho, 21h
Dias 06, 07, 08 e 09 de junho – de quinta a sábado 21h e domingo às 18h
Theatro São Pedro – Praça Marechal Deodoro s/n. Centro. Porto Alegre

Ingressos:
R$ 60,00 plateia / R$ 40,00 camarote central / R$ 30,00 lateral / R$ 20,00 galerias
À venda a partir de 20 de maio nas bilheterias do Theatro São Pedro

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