segunda-feira, 10 de novembro de 2014

CULTURA: Desafio aceito: noite para criar Tu, Frankenstein 3



A Biblioteca Pública do Estado do RS serviu mais uma vez de cenário para a imersão de um grupo de escritores que passou a noite no prédio, desafiado a criar textos para provocar medo. De sábado para domingo, 13 autores entraram madrugada adentro digitando em seus notebooks a fim de atender à questão proposta pelos organizadores: conceber uma história em que entrasse obrigatoriamente o número 60. Era uma referência e homenagem à 60ª edição da Feira do Livro de Porto Alegre.
    
É a segunda vez que o evento acontece. A primeira foi no ano passado, e os contos produzidos na ocasião foram reunidos no livro "Tu Frankenstein II". Segundo Jussara Rodrigues, uma das idealizadoras dessa programação e responsável pela parte de literatura adulta da Feira, a ideia surgiu de uma conversa informal entre escritores e o pessoal da Câmara Rio-Grandense do Livro. O nome remete à noite em 1816 em que Lord Byron reuniu um grupo de amigos em sua casa de veraneio e propôs que escrevessem uma história aterrorizante. Ali, uma das hóspedes, Mary Shelley, começou a imaginar e botar no papel seu personagem "Frankenstein", que lhe rendeu fama até hoje.
    
Na noite deste sábado, 11 escritores e dois desenhistas aceitaram a proposta. Quatro são estrangeiros, que participaram de outras agendas na Feira do Livro: Nikolaj Frobenius (norueguês), Catharina Ingelman Sundberg (sueca), Manel Loureiro (espanhol) e Gustavo Nielsen (argentino). Os demais: Marcelo Almeida, Rodrigo de Oliveira, Duda Falcão, Nikelen Witter, André Cordenonsi, Raphael Montes e Christian David. Os desenhistas são Carlos Ferreira e Walter Pax. O resultado também será publicado em livro.
   
Somente Nikelen escreveu a caneta num caderno. Os demais estavam devidamente usando a tecnologia. Cada um procurou o lugar mais confortável para o trabalho. O local mais procurado foi o Salão Mourisco, que com a fraca iluminação ajudava a entrar no clima. É uma bela sala, com as paredes trabalhadas, bustos de figuras históricas sobre pedestais e confortáveis poltronas e sofás estofados. Enquanto isso, os ilustradores buscavam inspiração nas estátuas, desenhos nas paredes e pequenos objetos de decoração.
    
A primeira a concluir sua história foi Catharina Ingelman, pouco depois da meia-noite. Ela considerou a experiência diferente e interessante. Às 2h da madrugada, dois músicos do Coletivo Itororó chegaram para dar um refresco musical. Com clarinete e piano, Tiago Gonçalves e Daniel Stringni tocaram para os escritores, numa sala do segundo andar.
    
Marco Cena, presidente da Câmara Rio-Grandense do Livro, chamou a atenção para o estado do prédio da Biblioteca. "Do ano passado para cá, observamos que pouca coisa foi feita em termos de restauração, por conta do descaso governamental". O edifício de fachada neoclássica e estilo eclético, no centro de Porto Alegre, está sendo recuperado, mas as obras andam em ritmo lento. Mesmo assim, uma parte é usada para eventos e está aberta à visitação.

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